Pela ordem: em primeiro lugar, lembrar que amanhã o blog completará o seu primeiro ano. Embora o número de postagens esteja inferior ao que eu gostaria, com certeza não é por falta de assunto, mas por absoluta falta de tempo para escrever. Fica aqui a minha promessa (mais uma)para remediar essa falta!
Em segundo, lembrar que depois de amanhã será o dia mundial do consumidor e, para comemorar antecipadamente o "nosso" dia - afinal, todos nós somos consumidores, efetivos ou potenciais -, gostaria de aproveitar aoportunidade para fazer uma rápida reflexão sobre nossas responsabilidades, enquanto consumidores, no desafio da sustentabilidade. Mais precisamente, gostaria de pensar um pouco sobre a liberdade de escolha, que é um dos direitos básicos do consumidor e, para isso, começo perguntando: seremos nós realmente livres para consumir? Será que essa liberdade, na forma como hoje é concebida institucionalmente, é capaz de nos fazer participar efetivamente das mudanças nos padrões de consumo?
Primeiro, sobre a nossa liberdade de consumir, aqui entendida como a possibilidade de determinar o que, quanto, onde, porquê e se se quer consumir, já tive oportunidade de falar um pouco em outros posts. É perceptível que a liberdade de escolha cada vez mais cede espaço às forças descomunais das imposições do mercado, e o boicote, apesar de ser uma estratégia válida, é também uma estratégia que se ressente diante dessas tais forças, que não cansam de exibir o seu poder de controle crescente sobre a vida dos indivíduos; basta ver a proliferação de produtos e componentes de produtos de origem chinesa; a prática de preços semelhantes, quando não iguais, das grandes empresas de comércio; o uso da publicidade, especialmente entre crianças e adolescentes, apenas para citar exemplos óbvios. Por conta disso, ou seja, dessa diminuição da força da liberdade comoinstrumento de controle social, é evidente que fica difícil sustentar que haja possibilidades de se encampar uma efetiva mudança em direção à sustentabilidade ambiental apenas contando com a mudança dos nossos padrões de consumo, seja pela redução nas parcelas mais abastadas, seja por seu aumento nas camadas mais carentes da sociedade.
Em segundo, penso que oferecer ampla liberdade - ainda que, conforme dito, restrita em certo sentido - sem qualquer contrapartida em termos de responsabilidade daquele que a exerce, é uma completa temeridade. Quando se fala em liberdade de escolha ao consumidor, quando se pensa num arcabouço jurídico que, a pretexto de parear forças do hipossuficiente (consumidor)com o hiperssuficiente (produtor), outorga àquele vários instrumentos dedefesa de seus interesses, parece-me que isso não deva implicar, necessariamente, a inexistência ou a relegação a plano secundário das suas responsabilidades. Em outras palavras, o consumidor é o elo fraco na relação de consumo, é a "vítima" do sistema, a "presa" do mercado, mas nem por isso, isento de deveres. A questão ambiental, especialmente com o argumento do "consumidor consciente", traz à tona a necessidade de se rever o atual paradigma deconsumidor: trata-se de uma figura que deve, sim, continuar a receber tutela estatal e ser protegido pelas instituições, mas, por outro lado, também deve se submeter a obrigações que são inerentes ao cidadão como responsável pela qualidade de vida, tanto da sua como das futuras gerações. Da mesma forma que o consumidor não é plenamente soberano no exercício desuas escolhas, também não é, certamente, um ser alheio ao que ocorre no seu ambiente e nas relações sociais que nele se travam.
Empregar bem os recursos de que dispõe, evitando o desperdício e oconsumismo; escolher bem o que se consome, preferindo produtos que causem menor impacto social e ambiental; participar ativamente da solução dos problemas que atingem a coletividade são apenas alguns dos mais evidentes deveres do novo consumidor. Repensar sua liberdade - e sua responsabilidade também! - é uma empreitada difícil, mas, sem dúvida, o primeiro passo em direção ao novo tipo de sociabilidade e de cidadania que a questão ambiental demanda.
Em segundo, lembrar que depois de amanhã será o dia mundial do consumidor e, para comemorar antecipadamente o "nosso" dia - afinal, todos nós somos consumidores, efetivos ou potenciais -, gostaria de aproveitar aoportunidade para fazer uma rápida reflexão sobre nossas responsabilidades, enquanto consumidores, no desafio da sustentabilidade. Mais precisamente, gostaria de pensar um pouco sobre a liberdade de escolha, que é um dos direitos básicos do consumidor e, para isso, começo perguntando: seremos nós realmente livres para consumir? Será que essa liberdade, na forma como hoje é concebida institucionalmente, é capaz de nos fazer participar efetivamente das mudanças nos padrões de consumo?
Primeiro, sobre a nossa liberdade de consumir, aqui entendida como a possibilidade de determinar o que, quanto, onde, porquê e se se quer consumir, já tive oportunidade de falar um pouco em outros posts. É perceptível que a liberdade de escolha cada vez mais cede espaço às forças descomunais das imposições do mercado, e o boicote, apesar de ser uma estratégia válida, é também uma estratégia que se ressente diante dessas tais forças, que não cansam de exibir o seu poder de controle crescente sobre a vida dos indivíduos; basta ver a proliferação de produtos e componentes de produtos de origem chinesa; a prática de preços semelhantes, quando não iguais, das grandes empresas de comércio; o uso da publicidade, especialmente entre crianças e adolescentes, apenas para citar exemplos óbvios. Por conta disso, ou seja, dessa diminuição da força da liberdade comoinstrumento de controle social, é evidente que fica difícil sustentar que haja possibilidades de se encampar uma efetiva mudança em direção à sustentabilidade ambiental apenas contando com a mudança dos nossos padrões de consumo, seja pela redução nas parcelas mais abastadas, seja por seu aumento nas camadas mais carentes da sociedade.
Em segundo, penso que oferecer ampla liberdade - ainda que, conforme dito, restrita em certo sentido - sem qualquer contrapartida em termos de responsabilidade daquele que a exerce, é uma completa temeridade. Quando se fala em liberdade de escolha ao consumidor, quando se pensa num arcabouço jurídico que, a pretexto de parear forças do hipossuficiente (consumidor)com o hiperssuficiente (produtor), outorga àquele vários instrumentos dedefesa de seus interesses, parece-me que isso não deva implicar, necessariamente, a inexistência ou a relegação a plano secundário das suas responsabilidades. Em outras palavras, o consumidor é o elo fraco na relação de consumo, é a "vítima" do sistema, a "presa" do mercado, mas nem por isso, isento de deveres. A questão ambiental, especialmente com o argumento do "consumidor consciente", traz à tona a necessidade de se rever o atual paradigma deconsumidor: trata-se de uma figura que deve, sim, continuar a receber tutela estatal e ser protegido pelas instituições, mas, por outro lado, também deve se submeter a obrigações que são inerentes ao cidadão como responsável pela qualidade de vida, tanto da sua como das futuras gerações. Da mesma forma que o consumidor não é plenamente soberano no exercício desuas escolhas, também não é, certamente, um ser alheio ao que ocorre no seu ambiente e nas relações sociais que nele se travam.
Empregar bem os recursos de que dispõe, evitando o desperdício e oconsumismo; escolher bem o que se consome, preferindo produtos que causem menor impacto social e ambiental; participar ativamente da solução dos problemas que atingem a coletividade são apenas alguns dos mais evidentes deveres do novo consumidor. Repensar sua liberdade - e sua responsabilidade também! - é uma empreitada difícil, mas, sem dúvida, o primeiro passo em direção ao novo tipo de sociabilidade e de cidadania que a questão ambiental demanda.