... e é mais um dia para pensar - mais um pouquinho - sobre nossos hábitos de consumo, nosso modo de viver, nossas escolhas de vida, enfim, refletir sobre o que fazemos para melhorar ou para piorar o nosso ambiente e o das futuras gerações.
Eu já comecei cedo, antes mesmo de me lembrar que dia era hoje, e por isso este vai ser o mote do post: pela manhã meu filho, de 6 anos, veio contar que a coleguinha dele disse que esses copinhos plásticos que se usam por aí vão demorar a sumir na natureza até o filho dela nascer. Aí, lá vai a mãe: "Não, filho, ele vai durar até o filho dela crescer, ter filhos, os filhos dele crescerem, e darem netos a ela, e depois bisnetos, e nascerem os filhos dos bisnetos...". Caramba!... São várias gerações! Quando falamos em 200 ou 400 anos num contexto histórico, é tão pouco, mas quando nos colocamos nessa linha do tempo e comparamos à nossa curtíssima existência, é tanto, mas tanto tempo...
Gostei muito de um comercial de TV que foi veiculada a uns anos atrás em que apareciam garrafas de PET e pneus velhos enlaçados como presentes para as futuras gerações. Gostei porque era chocante, porque mostrava de forma seca e direta o que estamos deixando em nossa passagem pela terra. Mas, principalmente, gostei porque nos dá a possibilidade de fazer diferente, de evitar esse fim.
Na minha infância tinha consumo, sim. A gente via TV, lia revistas, assistia ao Domingo no Parque e não tinha uma criança que não queria ganhar todos aqueles brinquedos que o Silvio Santos colocava no palco. Mas, diferente de hoje, minha geração também tinha brincadeiras de rua, na casa do vizinho, brincadeiras de bola, lanche na casa da tia, mexer com minhocas e barro no jardim... Naquele tempo, como o mercado infantil ainda era incipiente, havia muito espaço para a criatividade e a imaginação: se não existia o brinquedo na cor desejada, pintava-se em casa; se não existia coleira decorada para o seu cachorro, compravam-se enfeites na loja de armarinhos e se customizava. Hoje vamos ao shopping e não precisamos mais criar: está tudo pronto na vitrine, em cores e tamanhos para satisfazer qualquer sonho de consumo. É a consagração da máxima "eu não faço: compro pronto".
Por um lado, ótimo! Dá-se efetividade à lei do menor esforço, sobra mais tempo para consumir mais, para experimentar mais. Contudo, não somos reservatórios de experiências, não vivemos para somar sensações. Qualidade de vida não é só comer e vestir em abundância, mas é "des-envolver" todas as nossas potencialidades, é "sair do invólucro". E isso implica ver de forma diferente, pensar por outra perspectiva, ter a sua própria forma de entender o mundo, estabelecer relações humanas.
Então, se hoje é para fazer uma reflexão sobre o dia do meio ambiente, que seja esta: pensar um pouco - e fazer mais - por nosso espírito criativo. Deixar que ele nos guie mais, que nos mostre os caminhos, que ouse tomar um caminho desconhecido. É essa liberdade que certamente dará a resposta definitiva para crise ambiental que, diga-se, não é uma crise da natureza, é sobretudo uma crise das nossas relações sociais.
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