quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dica bacana do Planeta Sustentável

Vejam a dica que o Planeta Sustentável dá sobre a reciclagem: não basta selecionar, tem que reduzir o volume também. Na pressa de se livrar do "lixo", a gente acaba até esquecendo que o volume dos resíduos também impacta nas emissões de carbono. Taí, não custa nada colaborar e o planeta agradece...

http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/lixograma/reduza-antes-reciclar-197161_post.shtml

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Em vez de dia mundial sem carro, dia nacional por um transporte público eficiente

Com as chuvas que caíram hoje em São Paulo e no Rio, pelo que se registrou em termos de congestionamentos, o dia mundial sem carro não contou com a adesão de muitos motoristas.
Apesar disso, não vejo esse acontecimento como um insucesso da manifestação. Pelo contrário, vejo como uma oportunidade para pensarmos sobre o que significa este movimento para nós, paulistanos, cariocas, enfim, brasileiros de grandes centros.
Como já escrevi em post anterior, a nossa questão - o que se reforça com os fatos do dia de hoje - me parece que é outra, prévia e fundamental: o transporte público nas grandes cidades. Se é difícil convencer alguém a deixar o conforto do veículo particular, quem dirá convencê-lo disso para utilizar um transporte público precário?
É claro que o movimento no Brasil acaba esbarrando na questão do transporte público e expõe as deficiências do serviço. Contudo, quando a estratégia é deixar o carro em casa - ainda que por um dia - parece-me que isso só tende a reforçar a conclusão de que o jeito é continuar andando de carro, já que, sem ele, a cidade torna-se mais intransitável ainda.
Encontrar apoio num movimento mundial, de certa forma, avaliza e torna legítima a manifestação. Mas, diante das particularidades das nossas questões, fica a pergunta: por que não organizar a sociedade civil brasileira em torno de um movimento próprio, nacional, com sua razão de ser própria?
O dia mundial sem carro nasceu na França, com o objetivo de conscientizar as pessoas do uso indiscriminado do veículo particular. Não é o nosso caso aqui, pelo menos não para a maioria dos motoristas, que não se lançam no trânsito caótico das grandes cidades para ver o seu dinheiro literalmente virar fumaça porque gostam ou querem ou estão acostumados com isso. Para a maioria das pessoas, o carro não é usado para comprar pão na esquina ou ir ao cabeleireiro, mas porque se tornou indispensável para chegar à escola, ao trabalho, ao supermercado, pois não há outra forma de se transitar na cidade.
Outras questões, como a ausência de planejamento urbano, de políticas públicas de desenvolvimento que sejam capazes de ordenar o fluxo de pessoas na cidade, evitando grandes deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho também são aspectos que terão de ser enfrentados. O transporte público é apenas o primeiro problema da lista (mas não o único).
A capacidade e a vontade de se organizar, como hoje se confirmou mais uma vez, a sociedade tem. Razões para se manifestar em favor da melhoria do trânsito, também tem - e de sobra!
Então, talvez, na minha humilde opinião, só falte rever as suas estratégias. Vejamos em 2010...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Os problemas estão mais perto do que pensamos

Neste dia da árvore, quando os olhos se voltam para a Amazônia e os números assustadores do desmatamento, achei bacana a matéria que o Diário do Grande ABC trouxe na sua edição de hoje. Vejam:
http://www.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=1&id=5767838&titulo=Sao+Bernardo+e+a+cidade+que+mais+desmata+no+Grande+ABC
Para lembrar que os problemas ambientais estão por toda a parte e nas mais diversas proporções...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Álcool ou gasolina: Nem só de CO2 vivem os problemas ambientais

Às vésperas do dia mundial sem carro, esta notícia vem a calhar para um rápido comentário:

http://www.revistameioambiente.com.br/2009/09/16/consulta-pela-internet-aponta-carros-menos-poluentes/

Pelo que entendi do texto, o melhor, do ponto de vista das emissões de CO2, é o uso de veículo à álcool, certo? Contudo, mesmo o carro sendo à álcool (e emitindo/absorvendo C02), ele não vai poluir o ambiente? Digo, se SP trocasse toda a sua frota por carro à álcool não continuaríamos tendo problemas de poluição na cidade?
E mesmo que isso fosse possível (poluir zero), não continuaríamos com o problema do trânsito caótico?
Então, comprar carro à álcool, rigorosamente falando, não é a melhor opção. Pode prejudicar menos o aumento do aquecimento global, mas daí acreditar, conforme os especialistas consultados, que esse seja "o primeiro passo para o consumo consciente" - como se todo cidadão devesse ser locomover com veículo particular - há uma imensa distância.
Assim, a melhor opção, mesmo, é não comprar o carro, ou comprá-lo e usá-lo com moderação. E para o transporte diário, o uso do ônibus, das vans, dos trens ou do metrô (num sistema de transporte público coletivo eficiente, é claro!).
É por essas e outras que, quando se trata de sustentabilidade e consumo, a atenção tem que ser redobrada: soluções pragmáticas, tomadas dentro do sistema são importantes, mas sempre há o risco de se cair no simplismo, e o que era uma falsa premissa, passa a ser uma verdade inconteste.

Fonte: www.consumoesustentabilidade.ning.com

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ecobags: você mudou a sacola, mas mudou a atitude também?

Agora a moda é ecobag: já viu quanta gente tem usado? E quantos estabelecimentos têm oferecido a sua, como brinde ou bem baratinho? E outras nem tão baratinho assim?
Eu mesma tenho as minhas: uma legítima, feita de saco de farinha com alças de retalho de tecido emborrachado; e outra, mais bonitinha, mas nem tão eco, feita de tecido cru, novo, estampadinha com umas palavrinhas de ordem ecologicamente corretas. Seja como for, estão me ajudando a evitar os tais saquinhos plásticos, o que já é uma vitória.
Mas essa mudança no meu comportamento me levou um questionamento básico: ok, muita gente mudou a sacola, mas, e o que vai dentro dela?
Se você não parou para pensar se há possibilidade de mudar também o que vai dentro dela - e não me refiro apenas à substituição dos produtos convencionais pelos ecologicamente corretos, mas também da quantidade de coisas que compramos e que não precisamos ou que tem pouca serventia no nosso dia-a-dia - espero que este post seja capaz de fomentar uma reflexão sobre essa mudança de atitude.
Mas se você já parou para pensar nisso e descobriu que, apesar do seu esforço em reduzir seu consumo ao que realmente é necessário (não confunda isso com essencial, que é outra coisa), há uma parte do esforço em prol da sustentabilidade que vai além do seu esforço individual, ótimo! É sobre isso que gostaria de falar um pouco neste post.
De uns anos para cá tem crescido vertiginosamente o marketing verde: as ecobags são fruto dessa nova tendência de mercado, assim como o são os carros flex, o papel sulfite reciclado, o filtro de papel do cafezinho, a adoção de canequinhas de plástico ou alumínio, as roupas feitas de PET, as sacolas oxibiodegradáveis, produtos orgânicos, só para citar alguns exemplos bem corriqueiros. Com o surgimento dessas opções, parecem se ampliar as possibilidades de nossas escolhas de consumo serem, senão favoráveis, pelo menos não prejudiciais ao meio ambiente.
No entanto, um primeiro problema que surge é: nem sempre esta substituição ocorre sem afetar o bolso do consumidor; muito pelo contrário, é comum que o produto "ecologicamente correto" seja mais caro, o que induvidosamente acaba comprometendo a adesão dos consumidores ao novo produto, atraindo apenas uma minoria engajada com a questão ambiental.
Uma segunda dificuldade diz respeito a detectar o caráter "sustentável" do produto que se está comprando. Por exemplo, será melhor usar uma xícara de faiança ou copos de plástico? Se você acha que é o primeiro, de acordo com a reportagem de Ana Luiza Moulatlet na edição especial de Caros Amigos n. 34, ano XI, de setembro de 2007, p. 29, errou: a xícara de faiança, apesar de ser reutilizável, consumiria mais carbono no transporte devido à necessidade de se utilizar embalagens mais resistentes devido ao seu peso e fragilidade; graças a essa característica, é mais difícil de ser empilhada, o que acaba fazendo ocupar mais espaço no transporte, levando a um consumo maior de combustível. E, por fim, para que o uso da xícara fosse mais vantajoso seria necessário ser lavada pelo menos 1800 vezes. Enfim, em se tratando de sustentabilidade, nem sempre o que parece ser, de fato é.
Terceiro aspecto que compromete o valor e o peso das ações dos consumidores é a existência de um aparato tecnológico disponível para reciclar tudo o que vier a existir no momento pós-consumo que for possível reciclar. Há coleta seletiva no seu bairro? Se sim, para onde levam os resíduos que foram separados? Quais desses materiais acabam não encontrando destinação na cadeia da reciclagem e para onde vão?
Ainda nessa linha do aspecto tecnológico, o processo de reciclagem de alguns produtos eventualmente superam o consumo de carbono da produção de um novo produto, o que torna a reciclagem um mau negócio para a natureza.
Finalmente, uma quinta questão é destinação dos resíduos de pequeno ou nenhum valor mercadológico. Alumínio, estamos cansado de saber, tem mercado certo no Brasil e no mundo. Mas, será que todo tipo de plástico tem o mesmo fim?
O cenário é, sem dúvida, complicado, confuso, incerto e até, de certa forma, desanimador. Afinal, nesse estado de coisas, não há como não se perguntar se o esforço que os chamados consumidores conscientes estão empreendendo realmente terá impacto positivo sobre a qualidade ambiental... E pior: se não estiver surtindo nenhum efeito, que possibilidades existem?
Por esses motivos, quando falamos de sustentabilidade no consumo, não há como restringir a ação do consumidor a apenas substituir, reduzir ou reutilizar produtos convencionais por produtos verdes. Essa é a lição de casa que nossa geração e as futuras precisarão diariamente fazer, incorporando esses hábitos ao dia-a-dia, tal qual escovar os dentes ou tomar banho.
Contudo, isso é apenas parte, no aspecto individual, do temos de fazer. No plano do coletivo, desde reivindicar das empresas uma produção mais limpa do ponto de vista ambiental e a responsabilidade pelos resíduos do pós-consumo, até exigir do Poder Público a implementação de políticas sérias de controle ambiental e cobrar resultados efetivos, assumir uma postura ativa como cidadão - no sentido de sujeito com direito a ter e reivindicar direitos - é condição sine qua non para se debelar a crise ambiental.
Portanto, mais do que mudar hábitos de consumo, é necessária uma mudança de atitude, reconstruindo não só as relações com os objetos materiais, mas, principalmente, repensando as formas como nos relacionamos socialmente, praticando outro tipo de socialidade, outro modo de vida.