Com as chuvas que caíram hoje em São Paulo e no Rio, pelo que se registrou em termos de congestionamentos, o dia mundial sem carro não contou com a adesão de muitos motoristas.
Apesar disso, não vejo esse acontecimento como um insucesso da manifestação. Pelo contrário, vejo como uma oportunidade para pensarmos sobre o que significa este movimento para nós, paulistanos, cariocas, enfim, brasileiros de grandes centros.
Como já escrevi em post anterior, a nossa questão - o que se reforça com os fatos do dia de hoje - me parece que é outra, prévia e fundamental: o transporte público nas grandes cidades. Se é difícil convencer alguém a deixar o conforto do veículo particular, quem dirá convencê-lo disso para utilizar um transporte público precário?
É claro que o movimento no Brasil acaba esbarrando na questão do transporte público e expõe as deficiências do serviço. Contudo, quando a estratégia é deixar o carro em casa - ainda que por um dia - parece-me que isso só tende a reforçar a conclusão de que o jeito é continuar andando de carro, já que, sem ele, a cidade torna-se mais intransitável ainda.
Encontrar apoio num movimento mundial, de certa forma, avaliza e torna legítima a manifestação. Mas, diante das particularidades das nossas questões, fica a pergunta: por que não organizar a sociedade civil brasileira em torno de um movimento próprio, nacional, com sua razão de ser própria?
O dia mundial sem carro nasceu na França, com o objetivo de conscientizar as pessoas do uso indiscriminado do veículo particular. Não é o nosso caso aqui, pelo menos não para a maioria dos motoristas, que não se lançam no trânsito caótico das grandes cidades para ver o seu dinheiro literalmente virar fumaça porque gostam ou querem ou estão acostumados com isso. Para a maioria das pessoas, o carro não é usado para comprar pão na esquina ou ir ao cabeleireiro, mas porque se tornou indispensável para chegar à escola, ao trabalho, ao supermercado, pois não há outra forma de se transitar na cidade.
Outras questões, como a ausência de planejamento urbano, de políticas públicas de desenvolvimento que sejam capazes de ordenar o fluxo de pessoas na cidade, evitando grandes deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho também são aspectos que terão de ser enfrentados. O transporte público é apenas o primeiro problema da lista (mas não o único).
A capacidade e a vontade de se organizar, como hoje se confirmou mais uma vez, a sociedade tem. Razões para se manifestar em favor da melhoria do trânsito, também tem - e de sobra!
Então, talvez, na minha humilde opinião, só falte rever as suas estratégias. Vejamos em 2010...
Apesar disso, não vejo esse acontecimento como um insucesso da manifestação. Pelo contrário, vejo como uma oportunidade para pensarmos sobre o que significa este movimento para nós, paulistanos, cariocas, enfim, brasileiros de grandes centros.
Como já escrevi em post anterior, a nossa questão - o que se reforça com os fatos do dia de hoje - me parece que é outra, prévia e fundamental: o transporte público nas grandes cidades. Se é difícil convencer alguém a deixar o conforto do veículo particular, quem dirá convencê-lo disso para utilizar um transporte público precário?
É claro que o movimento no Brasil acaba esbarrando na questão do transporte público e expõe as deficiências do serviço. Contudo, quando a estratégia é deixar o carro em casa - ainda que por um dia - parece-me que isso só tende a reforçar a conclusão de que o jeito é continuar andando de carro, já que, sem ele, a cidade torna-se mais intransitável ainda.
Encontrar apoio num movimento mundial, de certa forma, avaliza e torna legítima a manifestação. Mas, diante das particularidades das nossas questões, fica a pergunta: por que não organizar a sociedade civil brasileira em torno de um movimento próprio, nacional, com sua razão de ser própria?
O dia mundial sem carro nasceu na França, com o objetivo de conscientizar as pessoas do uso indiscriminado do veículo particular. Não é o nosso caso aqui, pelo menos não para a maioria dos motoristas, que não se lançam no trânsito caótico das grandes cidades para ver o seu dinheiro literalmente virar fumaça porque gostam ou querem ou estão acostumados com isso. Para a maioria das pessoas, o carro não é usado para comprar pão na esquina ou ir ao cabeleireiro, mas porque se tornou indispensável para chegar à escola, ao trabalho, ao supermercado, pois não há outra forma de se transitar na cidade.
Outras questões, como a ausência de planejamento urbano, de políticas públicas de desenvolvimento que sejam capazes de ordenar o fluxo de pessoas na cidade, evitando grandes deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho também são aspectos que terão de ser enfrentados. O transporte público é apenas o primeiro problema da lista (mas não o único).
A capacidade e a vontade de se organizar, como hoje se confirmou mais uma vez, a sociedade tem. Razões para se manifestar em favor da melhoria do trânsito, também tem - e de sobra!
Então, talvez, na minha humilde opinião, só falte rever as suas estratégias. Vejamos em 2010...
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