
quinta-feira, 30 de abril de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Um ano de "Consumo & Sustentabilidade"
Em segundo, lembrar que depois de amanhã será o dia mundial do consumidor e, para comemorar antecipadamente o "nosso" dia - afinal, todos nós somos consumidores, efetivos ou potenciais -, gostaria de aproveitar aoportunidade para fazer uma rápida reflexão sobre nossas responsabilidades, enquanto consumidores, no desafio da sustentabilidade. Mais precisamente, gostaria de pensar um pouco sobre a liberdade de escolha, que é um dos direitos básicos do consumidor e, para isso, começo perguntando: seremos nós realmente livres para consumir? Será que essa liberdade, na forma como hoje é concebida institucionalmente, é capaz de nos fazer participar efetivamente das mudanças nos padrões de consumo?
Primeiro, sobre a nossa liberdade de consumir, aqui entendida como a possibilidade de determinar o que, quanto, onde, porquê e se se quer consumir, já tive oportunidade de falar um pouco em outros posts. É perceptível que a liberdade de escolha cada vez mais cede espaço às forças descomunais das imposições do mercado, e o boicote, apesar de ser uma estratégia válida, é também uma estratégia que se ressente diante dessas tais forças, que não cansam de exibir o seu poder de controle crescente sobre a vida dos indivíduos; basta ver a proliferação de produtos e componentes de produtos de origem chinesa; a prática de preços semelhantes, quando não iguais, das grandes empresas de comércio; o uso da publicidade, especialmente entre crianças e adolescentes, apenas para citar exemplos óbvios. Por conta disso, ou seja, dessa diminuição da força da liberdade comoinstrumento de controle social, é evidente que fica difícil sustentar que haja possibilidades de se encampar uma efetiva mudança em direção à sustentabilidade ambiental apenas contando com a mudança dos nossos padrões de consumo, seja pela redução nas parcelas mais abastadas, seja por seu aumento nas camadas mais carentes da sociedade.
Em segundo, penso que oferecer ampla liberdade - ainda que, conforme dito, restrita em certo sentido - sem qualquer contrapartida em termos de responsabilidade daquele que a exerce, é uma completa temeridade. Quando se fala em liberdade de escolha ao consumidor, quando se pensa num arcabouço jurídico que, a pretexto de parear forças do hipossuficiente (consumidor)com o hiperssuficiente (produtor), outorga àquele vários instrumentos dedefesa de seus interesses, parece-me que isso não deva implicar, necessariamente, a inexistência ou a relegação a plano secundário das suas responsabilidades. Em outras palavras, o consumidor é o elo fraco na relação de consumo, é a "vítima" do sistema, a "presa" do mercado, mas nem por isso, isento de deveres. A questão ambiental, especialmente com o argumento do "consumidor consciente", traz à tona a necessidade de se rever o atual paradigma deconsumidor: trata-se de uma figura que deve, sim, continuar a receber tutela estatal e ser protegido pelas instituições, mas, por outro lado, também deve se submeter a obrigações que são inerentes ao cidadão como responsável pela qualidade de vida, tanto da sua como das futuras gerações. Da mesma forma que o consumidor não é plenamente soberano no exercício desuas escolhas, também não é, certamente, um ser alheio ao que ocorre no seu ambiente e nas relações sociais que nele se travam.
Empregar bem os recursos de que dispõe, evitando o desperdício e oconsumismo; escolher bem o que se consome, preferindo produtos que causem menor impacto social e ambiental; participar ativamente da solução dos problemas que atingem a coletividade são apenas alguns dos mais evidentes deveres do novo consumidor. Repensar sua liberdade - e sua responsabilidade também! - é uma empreitada difícil, mas, sem dúvida, o primeiro passo em direção ao novo tipo de sociabilidade e de cidadania que a questão ambiental demanda.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
A propósito do final de ano...
Quando falamos em sustentabilidade ambiental e levamos o debate até as últimas conseqüências, o questionamento invariavelmente recai na necessidade de revermos o nosso processo civilizacional, nossa relação com a natureza e, principalmente, nossas relações com outros seres humanos. As possibilidades de se construir um mundo sustentável perpassam invariavelmente por questões de acesso e distribuição dos recursos ambientais para toda a humanidade, o que equivale dizer, a redução das desigualdades sociais, a erradicação da pobreza, a promoção da dignidade humana, e assim por diante.
O natal e o ano novo são eventos que deveriam propiciar, por sua natureza, um balanço sobre nossas atitudes em relação a esses objetivos: o natal porque, além de ser uma festividade religiosa, é também a comemoração, ainda que meramente convencional, do nascimento de uma personalidade marcante na história do mundo ocidental: Jesus Cristo, a quem se atribuem várias ações e ensinamentos sobre compaixão e solidariedade humana. E o ano novo porque, como o próprio nome diz e dispensa maiores explicações, é o dia da confraternização universal ou o dia mundial da paz.
Minha proposta para as festas de final de ano, portanto, além de evitar as lembrancinhas ou presentinhos (ou, se inevitáveis, que ao menos sejam úteis e, preferencialmente, duráveis e ecologicamente corretos), não exagerar na quantidade de comida ou bebida e evitar a encantadora, mas totalmente anti-ecológica chuva de papel picado no dia 31, é, curiosamente, dar sentido e praticar o que essas datas sugerem: refletir sobre a solidariedade e a compaixão, desejar um mundo menos violento e desigual, respeitar o próximo inteiramente. Se não pelo apelo religioso que essa sugestão possa ter, que seja, então, pela razão científica da sustentabilidade ambiental.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Retomando o blog numa reflexão para o dia 29 de novembro, o dia sem compras
terça-feira, 1 de julho de 2008
Dicas de reciclagem do Akatu
Na minha casa eu sempre tive o hábito de separar o lixo e fiquei espantada com a quantidade de coisas que não serão/poderão ser recicladas, que irão para os aterros aguardar umas centenas de anos para voltar à terra... E tão ruim quanto isso é pensar que eu passei anos separando coisas que não teriam essa destinação, achando que estava fazendo bem ao meio ambiente...
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Comendo com os olhos: a pressão do consumidor sobre a produção agrícola
Essa seleção visual sobre alimentos se explica não só pelo instinto de sobrevivência, que nos garante apetite para variar os alimentos consumidos e para evitar os venenosos, mas também revela um componente cultural, onde os alimentos bonitos e perfeitos são associados à idéia de mais saudáveis, mais nutritivos, além de contarem com um melhor aproveitamento no seu preparo ou consumo. Por isso vemos muitas donas de casa, tão zelosas em suas compras, escolhendo cuidadosamente os alimentos por tamanho, cor, estado de maturação, frescor, peso etc. A combinação de critérios é enorme e, para quem não entende nada de cozinha, mais parece um exercício inútil, já que os cachos de banana parecem não diferir muito entre si, tampouco os tomates, as cenouras, as maçãs, que se empilham, iguaizinhas nos tabuleiros... Já o que foge desse padrão, o que está machucado, amassado, desfolhado, vai logo ficando para trás, para a chamada "hora da xepa" ou para o dia de oferta, em que são pechinchados e levados para casa bem mais baratinho.
No entanto, o que parece ser uma inocente atividade doméstica, um carinho e um cuidado especial com a saúde da família, guarda, por outro lado, um preocupante problema de ordem ambiental: a quantidade de alimentos que é desperdiçada para se selecionar aqueles alimentos tão perfeitos, cheirosos, reluzentes, fresquinhos e iguaizinhos. Se observarmos um pé de fruta ou uma horta, não será difícil perceber que os seus produtos não são idênticos: alguns nascem um disformes, outros têm uma tonalidade diferente ou manchas, uns têm buracos de bichinhos, alguns são maiores que outros ... Bem diferente do mundo homogêneo das barracas das feiras livres ou balcões do supermercado!
A ilusão custa caro: afinal, para se chegar a isso - a tamanha homogeneização - é preciso selecionar e produzir muito, agrupando por tamanho, por cor, por peso, por formato, para então vender por preços e para públicos distintos, e isso tudo, numa escala de produção tal que permita todo esse processo. É certo que os alimentos que não são qualificados como inadequados para o consumidor direto acabam servindo a outros fins, como a indústria de alimentos. Contudo, ainda assim, continuam a servir à mesma ilusão, na medida em que, embalados nas caixinhas tetrapak ou nas latinhas de conserva, lado a lado nas prateleiras dos supermercados, são perfeitamente iguais, no sabor, na cor, no tamanho, na quantidade.
Além disso, muito se argumenta (e eu nunca vi quem discordasse disso) que o problema da fome no mundo hoje é um problema de distribuição, não de produção de alimentos. Afirma-se que alguns poucos se refestelam no excesso e no desperdício, ao passo que a grande parte não acessa ou acessa parcialmente esses alimentos. Se não for repensada essa forma de apropriação e de distribuição da comida, o que será de nós daqui uma década, quando se projeta que a população mundial será de aproximadamente 10 bilhões de pessoas? Será possível prosseguir nessas práticas?
Esse, me parece, é o árduo desafio do consumo sustentável: o despertar do sonho da infinitude dos recursos naturais e do absoluto controle da natureza e seus processos. O reconhecer da imprescindibilidade de se rever padrões e hábitos de consumo. O estabelecer de uma nova postura crítica e ativa diante da realidade. O partilhar como condição para a qualidade de vida. O repensar e o refazer da nossa formação cultural. E, quiçá, a emergência de uma nova sociedade, uma nova civilização...
sábado, 14 de junho de 2008
IV Encontro Nacional de Estudos do Consumo - chamada para apresentação de trabalhos
IV ENEC - Encontro Nacional de Estudos do Consumo
Novos Rumos da Sociedade de Consumo?
24, 25 e 26 de setembro de 2008
Auditório BNDES (Av. Chile, 100/Subsolo)Centro - Rio de Janeiro/RJ
CHAMADA PARA TRABALHOS 2008
APRESENTAÇÃO
O IV ENEC tem como proposta discutir como certas transformações das sociedades contemporâneas estão relacionadas ao consumo, e como isto nos leva a repensar muitas das características tradicionalmente atribuídas à sociedade de consumo, como individualismo, insaciabilidade e superficialidade. Atualmente, o consumo vem deixando de ser visto apenas como forma de reprodução e mediação das estruturas sociais reinantes, e de busca por identidade e status, para tornar-se também, cada vez mais, um instrumento e uma estratégia de ação política, incorporando valores como solidariedade e responsabilidade socioambiental.Novas ideologias, movimentos e estratégias sociais voltadas para um consumo responsável, consciente, ético ou sustentável - tais como indicação geográfica, comércio justo, economia solidária e slow food - têm valorizado características como territorialidade, cuidados com o meio ambiente, ou sistemas de produção "tradicionais". Estas características adicionam valor aos produtos e se configuram como materialização das transformações em curso. Considerando tais reconfigurações, verifica-se que o consumo levanta uma nova gama de questões polêmicas que demandam teorização, tais como privatização da política, politização do consumo, mercantilização das relações de produção, percepção de risco, sistemas de certificação e confiança. Assim, a principal questão deste IV ENEC é: o consumo, acusado por muitos como principal responsável pelas atuais condições de anomia, individualidade e despolitização das sociedades, poderá ser, ele mesmo, a solução para os problemas que supostamente gerou ? E, neste caso, é pertinente se falar em uma "Nova Sociedade de Consumo" ?
ENVIO DE TRABALHOS
PRAZO PARA ENVIO DE RESUMOS:
INSCRIÇÕES
Banco do Brasil - 01
Agência: 2861-4
Conta Corrente: 13627-1
Em nome de Maria de Fátima Ferreira Portilho (CPF 000.258.917-66)
INSTITUIÇÕES PROMOTORAS
Grupo de Pesquisa Sociedades e Culturas de Consumo
Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM
CAEPM - Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing da ESPM
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
CDDA - Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade(UFRRJ)
Universidade Federal Fluminense (UFF)
PPGA - Programa de Pós-Graduação em Antropologia daNEMO - Núcleo de Estudos da Modernidade
CAPES
BNDES
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior