Uma coisa que tem me preocupado um pouco é o crescente apelo ao consumo verde – aqui entendido como consumo de bens produzidos com menor impacto ambiental – como uma suposta solução aos problemas ambientais. É claro que precisamos, com absoluta urgência, criar hábitos de consumir produtos menos impactantes para a natureza e para a nossa saúde. Disso, aliás, as pessoas parecem estar cada vez mais conscientes, dispondo-se, inclusive a pagar um pouco mais por itens de consumo orgânicos e certificados. No entanto, será que esta é uma estratégia eficaz para a incorporação das questões ambientais nos hábitos de consumo?
A mim particularmente parecem ser necessárias algumas reflexões antes de oferecer alguma resposta a essa pergunta.
Em primeiro lugar, lembrando que a mera substituição de produtos do nosso consumo por outros menos impactantes, não leva necessariamente à reflexão sobre os níveis do nosso consumo. Quando se fala em três ou cinco planetas Terra para suprir a necessidade de consumo de toda a população mundial, considerando como referência o padrão de consumo dos países desenvolvidos, fica difícil limitar nossa reflexão apenas ao que consumimos e não expandi-la a um questionamento sobre o quanto consumimos, sob pena de construir um pensamento limitado e parcial do problema. Distribuir melhor os recursos, num sistema fechado e finito como o nosso, é fundamental para a almejada sustentabilidade.
Por outro lado, considerando que os produtos ecologicamente corretos são mais caros, seja porque a produção é mais custosa, seja porque apenas se agrega ao produto o caráter “verde”, não é difícil deduzir que, em tais circunstâncias, as preocupações com o meio ambiente ficarão por conta ou daqueles que podem pagar mais por esses produtos, ou à custa dos consumidores mais conscientes que, apesar de pagar mais caro, acreditam no valor do seu sacrifício. De qualquer forma, todavia, a responsabilidade acaba sendo depositada nos ombros de uma minoria.
No entanto, a oferta de produtos orgânicos e certificados, com identificação e destaque do aspecto ecologicamente correto, ainda que como diferencial competitivo entre produtos, pode ser um meio bastante eficiente para se levar a questão ambiental para o cotidiano dos consumidores, fomentando, ainda que de forma gradativa, a abertura e ampliação das discussões sobre o meio ambiente no contexto das relações de consumo.
Falar em sustentabilidade, em cuidado com o planeta, não pode continuar sendo uma tarefa para uma pequena fração esclarecida da sociedade. Por isso, minha preocupação com essa possível “elitização” do ecológico: de um lado porque, enquanto prática restrita a um grupo minoritário na sociedade, não será capaz de alcançar significativos impactos na qualidade ambiental; de outro porque pagar mais caro pode alimentar nesses consumidores a equivocada noção de que se já pagou para que outros resolvam o problema ambiental do produto que está consumindo, não precisará mais se preocupar em modificar seus hábitos.
Além disso, muitos produtos que estão pelas prateleiras dos supermercados e dos shoppings mundo afora e que se dizem “100% natural”, “totalmente ecológico” ou que “faz bem para a natureza”, nem sempre advém de um processo produtivo limpo ou são, de fato, menos impactantes, o que acaba lesando tanto o consumidor como o meio ambiente. Mas isso é assunto para um outro post...
A mim particularmente parecem ser necessárias algumas reflexões antes de oferecer alguma resposta a essa pergunta.
Em primeiro lugar, lembrando que a mera substituição de produtos do nosso consumo por outros menos impactantes, não leva necessariamente à reflexão sobre os níveis do nosso consumo. Quando se fala em três ou cinco planetas Terra para suprir a necessidade de consumo de toda a população mundial, considerando como referência o padrão de consumo dos países desenvolvidos, fica difícil limitar nossa reflexão apenas ao que consumimos e não expandi-la a um questionamento sobre o quanto consumimos, sob pena de construir um pensamento limitado e parcial do problema. Distribuir melhor os recursos, num sistema fechado e finito como o nosso, é fundamental para a almejada sustentabilidade.
Por outro lado, considerando que os produtos ecologicamente corretos são mais caros, seja porque a produção é mais custosa, seja porque apenas se agrega ao produto o caráter “verde”, não é difícil deduzir que, em tais circunstâncias, as preocupações com o meio ambiente ficarão por conta ou daqueles que podem pagar mais por esses produtos, ou à custa dos consumidores mais conscientes que, apesar de pagar mais caro, acreditam no valor do seu sacrifício. De qualquer forma, todavia, a responsabilidade acaba sendo depositada nos ombros de uma minoria.
No entanto, a oferta de produtos orgânicos e certificados, com identificação e destaque do aspecto ecologicamente correto, ainda que como diferencial competitivo entre produtos, pode ser um meio bastante eficiente para se levar a questão ambiental para o cotidiano dos consumidores, fomentando, ainda que de forma gradativa, a abertura e ampliação das discussões sobre o meio ambiente no contexto das relações de consumo.
Falar em sustentabilidade, em cuidado com o planeta, não pode continuar sendo uma tarefa para uma pequena fração esclarecida da sociedade. Por isso, minha preocupação com essa possível “elitização” do ecológico: de um lado porque, enquanto prática restrita a um grupo minoritário na sociedade, não será capaz de alcançar significativos impactos na qualidade ambiental; de outro porque pagar mais caro pode alimentar nesses consumidores a equivocada noção de que se já pagou para que outros resolvam o problema ambiental do produto que está consumindo, não precisará mais se preocupar em modificar seus hábitos.
Além disso, muitos produtos que estão pelas prateleiras dos supermercados e dos shoppings mundo afora e que se dizem “100% natural”, “totalmente ecológico” ou que “faz bem para a natureza”, nem sempre advém de um processo produtivo limpo ou são, de fato, menos impactantes, o que acaba lesando tanto o consumidor como o meio ambiente. Mas isso é assunto para um outro post...
2 comentários:
Muito boa sua abordagem, e basicamente esse consumo "verde" retrata apenas o meta-cunsumismo vivido pela sociedade capitalista que agrega valores morais ao consumismo exagerado que temos. O fato de consumir um produto menos impactante não retira a carga negativa do consumismo para o meio ambiente. É necessário sim uma nova conduta de consumo porem pautada não só na redução de impactos mas também na de produtos de forma que vivamos com o necessário e não com o excedente.
A apropriação a qual a publicidade e a mídia submete esse assunto, torna-se cada vez mais massiva no intuito de agregar valores consumistas a uma ilusória preocupação ambiental. Torna-se muito mais uma questão de indução ao consumo desses novos "produtos ecologicamnte corretos" do que o próprio reconhecimento de uma nova postura social no tocante ao consumo consciente. A abordagem feita é de sobremaneira pertinente ao assunto tratado de forma a alertar os leitores acerca desse assunto tão presente em nossa sociedade atualmente, e cooperou de sobremaneira para um trabalho sobre o consumo verde que terei de apresentar em um seminário da faculdade , ao passo que pude compreender mais e de forma esclartecedora o assunto tratado.
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