terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Aquecimento global, tabagismo, obesidade, arroto de boi: sobre o que estamos falando afinal?
A moda, um tempo atrás, era dizer que os comilões tinham sua parte no aquecimento global: com peso acima da média, gastariam mais combustível para se transportar e comeriam mais que os outros, afetando a quantidade de alimentos disponível no planeta.
Depois, vieram os fumantes que, como poluidores do ar, colaborariam com o aquecimeto global não só por suas baforadas, mas também porque a produção do tabaco exige a queima de lenha para secagem das folhas e uso de grandes quantidades de defensivo agrícola, impactando também a qualidade do solo.
E agora, coisa de dez dias para cá, o vilão é o boi. Segundo a manchete, o processo digestivo do animal libera gás metano, sendo responsável, só na área do cerrado brasileiro, por quase 70% das suas emissões.
Não estou querendo dizer que não haja uma relação de causa-efeito entre uma coisa e outra, tampouco discutir se o percentual dos gaess por eles liberados está correto ou não. Apenas fico imaginando aqui se, de fato, esses argumentos contribuem positivamente para a conscientização e o envolvimento da população em geral com a crise ambiental. Em tempos de pós-Copenhague, essa reflexão me parece, vem a calhar.
Primeiro, penso que se levarmos o crítério de causalidade ad infinitum, vamos descobrir, para nossa infelicidade, que para o aquecimento global até o meu respirar, o cocô do cachorrinho da minha amiga e as cerejas que você pretende comer na ceia de natal são responsáveis por emissões dos gases de efeito estufa. Pouco, muito, mais ou menos, todos nós, apenas por estarmos aqui, agora, contribuímos com a liberação dos tais gases na atmosfera. A diferença - por isso as tentativas de composição de interesses no âmbito internacional - é que algumas fontes podem ser eliminadas ou reduzidas, o que em tese deve fazer reduzir o ritmo do aquecimento da Terra.
Portanto, se dessa maçã todos nós comemos, parece-me que emitir ou não emitir não é a questão. Então - eis a minha pergunta -, por que escolher os bois, o tabaco e a obesidade? Será que em vez de falar de bois, não poderíamos falar de frangos nas granjas? E, em vez de lembrar do tabaco, poderíamos pensar na soja? Ou, em vez dos gordinhos, pensar no tamanho dos dinamarqueses em relação à dos bolivianos? Afinal, será que estamos realmente falando em aquecimento global ou será outra coisa?
Como não tenho nada contra nem a favor do fumo, do excesso de peso ou da carne de boi, não tenho como não me perguntar porque foram eles os escolhidos e não os outros que acabei de citar. Haverá, de fato, uma problema ambiental significativo relacionado a esses fatores ou não estará o argumento ecológico do aquecimento sendo usurpado para reforçar a defesa de causas outras? Em outras palavras: será que esse alarde que se faz de tempos em tempos com a "descoberta" de mais um novo vilão do aquecimento global não seria, na verdade, uma forma de reavivar o debate de uma questão que já se colocou à sociedade anteriormente? Então, nas hipóteses levantadas, será que o aquecimento global é o foco ou não se está pretendendo discutir, na verdade, os riscos do fumo, da obesidade e dos impactos ambientais associados à pecuária e não o aquecimento global?
Essas indagações não estão sendo aqui lançadas com o intuito de minimizar a importância dessas questões: não há dúvida que os temas merecem ser amplamente discutidos e as soluções e políticas para o seu enfrentamento pensadas e executadas com o apoio da participação de toda a sociedade. Contudo, permito-me conjecturar se trazer ao debate um elemento periférico a tais questões, como é o aquecimento global, possa realmente contribuir para alguma coisa senão para causar apenas um escândalo social momentâneo e provocar a comoção de um ou outro mais impressionável, para logo se esvair na avalanche dos noticiários que renova diariamente a nossa cota de informações, deixando, de resto, apenas a sensação de que quase tudo o que fazemos é causa de aquecimento global - até o momento em que renunciamos a qualquer ação para lutar contra esse "mal", porque esse "mal", há de se concluir, somos nós mesmos, nossa existência, nosso modo de viver, não havendo, portanto, muito o que se fazer...
Portanto, embora eu acredite ser necessário discutir aquecimento global, obesidade, tabagismo, impactos ambientais da pecuária, também sou favorável a discuti-los com argumentos e idéias devidamente ordenadas, colocando cada coisa em seu devido lugar. Os problemas ambientais que vivemos hoje são intrinsecamente complexos e precisam ser enfrentados tomando em consideração esse importante e fundamental aspecto. Simplificar as questões que deles emergem - quando não direcionar ideologicamente essa simplificação - é um risco que se assume, de se banalizar e de diminuir o nível dos debates e, portanto, da própria participação dos cidadãos. Mas esse, sem dúvida, é assunto para outro post...
Para saber mais:
Arroto de boi:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1410629-5603,00-SO+ARROTO+DE+BOI+EQUIVALE+A+DOS+GASESESTUFA+POR+DESMATE+NO+CERRADO.html
Obesidade:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u402686.shtml
Tabagismo:
http://www.ecodebate.com.br/2009/09/28/fumar-destroi-tambem-o-meio-ambiente/
domingo, 20 de dezembro de 2009
Você sabe o que é simplicidade voluntária?
Será que precisamos de tantos bens para nos sentirmos bem? O que ter tem a ver com ser? Como ser feliz com poucos recursos materiais?
Estas são algumas das perguntas que o movimento "simplicidade voluntária" ("voluntary simplicity" ou, simplesmente, VS) tem procurado responder. A idéia é simplificar a vida, não só no aspecto material, reduzindo o consumo, utilizando os bens de forma mais racional, mas também na dimensão espiritual e emocional, buscando o bem estar e a felicidade interior.
Afora as questões morais que essa assertiva possa implicar, não é nenhuma novidade dizer que ser feliz na sociedade de consumo é, para a maior parte das pessoas, comprar. Trabalha-se dez, doze horas por dia, em fins de semana e feriados, leva-se trabalho para casa. Para quê? Para aumentar o salário, o bônus, as horas extras. E para quê? Para poder acumular, ter reservas, ter a possibilidade de comprar e acessar serviços. E para quê? Para, finalmente, ter uma vida mais tranquila, segura, feliz.
É uma espiral sem fim: ganhar, comprar; ganhar mais, comprar mais. Sempre haverá mais um minutinho da nossa vida que podemos investir no trabalho, como sempre haverá algum item de consumo que não temos em casa para comprar. E o preço que se paga por isso é alto, pois nesse ritmo de vida, o conforto material aumenta, mas em sentido inversamente proporcional vai a disponibilidade de poder usufruir desses benefícios.
A simplicidade voluntária questiona em que ponto essa espiral deve parar. Não prega, portanto, que se despoje completamente dos bens materiais, que se viva ao estilo de Thoureau em Walden*, mas sim que cada pessoa saiba até onde os objetos satisfazem necessidades e desejos genuínos e possa assim se libertar do consumo exagerado. A idéia é que façamos um questionamento sobre o que é de fato importante para o nosso prazer e satisfação pessoal, e se isso realmente corresponde a uma verdade interior ou apenas a resposta a um estímulo externo, que não necessariamente levará ao nosso bem-estar e satisfação pessoal.
Além da forma como nos relacionamos com os bens materiais, a simplicidade voluntária também propõe mudanças em outros aspectos da vida, que, se trabalhados pela via do auto-conhecimento e do fortalecimento da auto-estima, podem se tornar menos desgastantes ou complicados. Assim, ansiedade, estresse, angústia, culpa, entre outros sentimentos enraizados no estilo de vida contemporâneo, também são postos sob questão.
Para saber mais sobre simplicidade voluntária veja:
http://www.simplicidadevoluntaria.com/socied.htm
http://www.choosingvoluntarysimplicity.com/
*"Walden" é o livro escrito pelo americano Henry David Thoureau, baseado na experiência que viveu, em 1845, quando deliberadamente o autor se retirou do convívio social para morar isolado às margens do Lago Walden.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Dica de natal: Amigo secreto sustentável
Muitas vezes guardamos coisas em excelente estado no fundo de armários. Coisas que, para nós, já deixaram de ter utilidade ou interesse, mas que para outra pessoa pode ser uma novidade incrível.
Foi seguindo essa idéia que ontem aconteceu, na turma do meu filho de 6 anos, um amigo secreto diferente: um amigo secreto "sustentável". Foi igualzinho ao que conhecemos (troca prévia de papéis com nomes e depois a troca de presentes), mas com o detalhe de que cada criança escolheria um presente para seu amigo secreto do seu baú de brinquedos.
Não estive presente, mas a professora me relatou que a brincadeira foi um sucesso. As crianças adoraram dar e receber os brinquedos dos amigos e partilhar o lanche comunitário, que foi organizado pela professora com a ajuda dos pais.
Para algumas pessoas isso pode parecer estranho, receber algo "usado" e dar algo usado para uma pessoa conhecida - afinal, muita gente se desfaz desses objetos doando a instituições que nem se conhece quem vai receber. Mas, para as crianças, que ainda não estão "contaminadas" por certos preconceitos e hábitos, receber estes presentes foi um acontecimento prazeroso e tão divertido quanto se tivessem ganho algo vindo diretamente do shopping.
Inicialmente a intenção era de abrir um espaço com as crianças para que fizessem uma reflexão sobre o consumismo, sobre as questõs ambientais e sociais que estão por trás dessas trocas materiais. Contudo, pensando melhor agora, creio que a lição não foi só para as crianças, mas para nós adultos, também. Afinal, nós somos responsáveis por formar esta futura geração, então, como esperar que nossos pequenos possam ter outros hábito se nós mesmos não damos o exemplo?
A semente foi lançada, cabe a nós regar daqui em diante. Então, se há algum compromisso para se assumir para 2010, o meu será o de trocar mais. E qual vai ser o seu?
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Lixo é no lixo. Mas, em que lixo?
http://www.worldwatch.org.br/artigos/001.html
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
31 de outubro: você vai de saci ou de bruxa?
Em tempos de pós-dia das crianças, uma boa oportunidade para sentar com nossos pequenos e fazer uma reflexão sobre a (des) necessidade de importarmos e consumirmos costumes e tradições de outros países, que nada (absolutamente nada!), tem a ver com os nossos. E, quem sabe, aproveitar o vácuo para começar a preparar o terreno para dezembro, que já está aí...
Quem quer fazer a festa do Saci ?
As festas do Dia do Saci crescem por todo o Brasil a cada 31 de outubro. O enfrentamento irreverente que os brasileiros fazem com o seu mito mais famoso ao Halloween do consumismo norte-americano ainda é desigual, mas é divertido. No Ceará, o Departamento de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Estado da Cultura vem realizando um dia todo de festa na Biblioteca Pública, o município de Fortaleza instituiu o Dia do Saci em seu calendário oficial (PL nº 0189/2007) e a sacizada tem se espalhado aos pulos e redemoinhos por vários municípios do interior.
Desde que lancei o livro “A Festa do Saci” (Cortez Editora, 2007), no qual relato a história da libertação do Saci do calabouço da sociedade de consumo, por seres imaginários de todo o planeta, que muita gente me pergunta interessada como é mesmo que se faz uma festa do Saci. Respondo que a vantagem dessa festa é não ter fórmulas, cada qual faz a sua, do jeito que quiser. Nas áreas públicas há brincadeiras de corrida numa perna só, contação de histórias de assombração, apresentações teatrais e musicais performáticas, passeios saciclísticos, lanches coletivos, oficinas de bonecos de Saci e outras animadas sacizisses.
Mesmo assim, deu vontade de experimentar como seria uma festa do Saci em casa, na rua, no condomínio, no clube, no sítio, na casa de praia. Afinal, as bruxas do Halloween atacam é nesses espaços privados, levadas pelo cinema, tevê e internet. E foi convicto do quanto precisamos criar oportunidades para as crianças, especialmente as urbanas, vivenciarem o mito do Saci, que acabamos inventando na nossa casa uma festa do Saci, para ver como é mesmo, para experienciar com amigos esse encantador ritual de inversão e para poder sair contando a quem quer que queira fazer a sua própria festa do Dia do Saci.
A primeira coisa que fizemos foi transformar a quadra de futebol do condomínio em um capoeirão. Com o apoio do José Adjafre, que é um cenógrafo com trejeitos de saci, colocamos folhas secas no chão, jarros com muitas plantas e a iluminação foi toda feita com tochas de lamparinas. Ao fundo da quadra, emoldurada pela trave de futebol, ele fez um desenho enorme da cabeça de um saci, que serviu de imagem de fundo para os momentos de contação de histórias arrepiantes inventadas na hora pelas próprias crianças.
Foram escolhidas 77 imagens de Saci para serem projetadas e 77 músicas para animar a festa, porque 77 é a idade que uma pessoa pode virar Saci, se tiver conseguido continuar imaginativa depois dos 7 anos. Conseguimos 77 imagens diferentes de saci, com o pesquisador Vladimir Sacchetta, feitas nos mais impensáveis estilos plásticos e gráficos, por artistas como André Le Blanc, Angeli, Glair Arruda, J.U.Campos, Lobo, Marcus Cartum, Monteiro Lobato, Ohi, Paulo Caruso, Sônia Magalhães, Voltolino e Ziraldo. Essas imagens foram projetadas em um telão, apoiado no poste da rede de voleibol. Da tela que cobre a quadra, saltavam fitas coloridas anunciando as brincadeiras do vento à espera do assobio do Saci.
A DJ Renatinha montou sua parafernália no meio do mato. E, assim, como ocorreu com as imagens, o repertório musical foi composto pelos mais variados gêneros e estilos, tendo como ponto em comum apenas o caráter lúdico. Tocou Cássia Eller (A Cuca te pega), Itamar Assumpção (Adeus Pantanal), Karnak (Alma não tem cor, O Mundo, Ai, ai, ai, ai, ai), Suzana Salles (A mulher do atirador de facas, Zé Pelintra), Bia Bedran (As caveiras, Dona Árvore, Flor do Mamulengo, Pato Injuriado, Quintal), Ná Ozzetti (Atlântida), Diana Pequeno (Camaleão), Adriana Calcanhotto (Esquadros, Lig lig lig lé), Raul Seixas (Carimbador maluco), Tom Zé (Companheiro Bush), Paula Tesser e Valdo Aderaldo (Sou mais no tempo do Figueiredo), Kleiton e Kledir (Canção da meia noite), Madan (Emprego, O Bife, Letra Mágica, Patacoada, Gato da China), Balão Mágico (Super Fantástico, ET tererê) e Moisés Santana (Gentileza).
E a festa que rolou das 19 até as 22 horas tocou ainda Carol e os Malucos (Itsy bitsy spider, La bella polenta), Los patita de perro (La fiesta, Las tortugas), Toquinho (Caderno), Chico César (Odeio Rodeio, Pelado), Secos & Molhados (O Vira), Jota Quest (Pedrinho), Carlinhos Brown (Pererê Peralta), Daúde (Quatro meninas, Vamos fugir, Vida Sertaneja), Palavra Cantada (Rato), Gilberto Gil (Saci-Pererê, Sítio do Picapau Amarelo), Jorge Benjor, (Sasaci-Pererê), Rosi Campos (Tem gato na tuba), Herlon Robson (Tô ligado), Herbert Vianna (Uma Brasileira), The Beatles (Yellow Submarine), MPB-4 (O Pato), Frenéticas (Aula de piano), Gal Costa (Grande final), MC Marcinho (Rap do Lúcio), Patrícia Marx (A Festa do Menino Maluquinho); Sérgio Ricardo (Emília), Girotando (Ambaraba cicci’ cocco’) e Mawaca (Kazoe Uta, Sansa Kroma).
Dos meus livros “Flor de Maravilha” e “A Festa do Saci”, entraram na brincadeira as músicas cantadas por Olga Ribeiro (A sementinha, Bolhas de sabão, Curupira e Boitatá, Fábula sem moral, Pinóquio e Emília, Rói-rói, Vamos passear pela cidade, Xacundum no tum-tum do papai), Giana Viscardi (Brincar de Brincadeira, O nome do meu País), Marcelo Pretto (Marimbondo Azul), Suzana Salles (No ritmo das batidas do relógio da Praça do Ferreira) e, óbvio, a música A Festa do Saci, que fiz com o Orlângelo Leal, especialmente para chamar o Saci Pererê.
Por falar em chamar o Saci, um dos momentos mais mágicos da festa foi o da aparição do saci, na hora do Guarnicê. Peço ao leitor e à leitora que não comente esta parte na frente das crianças nem dos convidados, pois o segredo dela está na surpresa. É o seguinte: na hora em que o Orlângelo canta “Estou aqui meu Saci / Estou aqui chamei você / Pererê chamei você”, cuidamos que um ator, no caso o Márcio, da Banda Dona Zefinha, aparecesse pintado e vestido de Saci em uma laje na parte ao lado da quadra. Ele apareceu rapidamente, deu pulos e gargalhadas, jogou uma porção de gorros para a meninada e sumiu. Uns viram e outros não. E isso gerou um converseiro mítico maravilhoso, mediado pelo também zefínico Paulo Orlando.
Bom, mas já estou me adiantando na festa, quando ainda nem falei o que colocamos no convite: “Você só precisa trazer um pouquinho da sua guloseima preferida, aquela que você acha a mais gostosa de todas, para repartir com os amigos” (No centro da quadra, um círculo de tecido transformou-se em mandala de guloseimas). E tinha uma observação: “A Festa do Saci é uma festa que valoriza a criatividade e a imaginação. Portanto, crie o seu próprio personagem e venha para curtirmos juntos essa noite sacizística cheia de surpresas”.
Na entrada do prédio, colocamos uma cartolina e muitos pincéis coloridos pendurados em fio de náilon. Naquele papel, mais de trinta crianças escreveram o nome e a missão dos seus personagens. A resposta foi reveladora: Agente 00SACI (Lutar pela paz no futebol), Branca de Neve (Cuidar dos habitantes da floresta), Dama da Noite (Cuidar da paz na hora do sono), Fada da Natureza (Eu e o Saci devemos proteger a Natureza), Fada do Ar (Acabar com a poluição), Garota Azul (Deixar a festa mais azul), Duende (Minha missão é achar o Saci), Peloe (Acabar com a destruição das flores), Reg!!! (Minha missão é me conhecer), Robô Verde (Aguar todas as plantas e salvar o planeta), Saci (Cuidar do mundo), Senhor Noite (Alertar as lendas da noite) e Vaqueiro (Acabar com o aquecimento global, poluição e drogas). A festa terminou doce e animada com a Caça ao Brigadeirão.
Fonte das fotos: Bruxa (http://www.upenter.com.br/blogs/timbunet/wp-content/uploads/2009/09/7537bruxa.jpg); saci (http://www.cortocabeloepinto.com/wp-content/uploads/2009/04/saci.jpg). Acesso em 15.10.2009
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Dica bacana do Planeta Sustentável
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/lixograma/reduza-antes-reciclar-197161_post.shtml
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Em vez de dia mundial sem carro, dia nacional por um transporte público eficiente
Apesar disso, não vejo esse acontecimento como um insucesso da manifestação. Pelo contrário, vejo como uma oportunidade para pensarmos sobre o que significa este movimento para nós, paulistanos, cariocas, enfim, brasileiros de grandes centros.
Como já escrevi em post anterior, a nossa questão - o que se reforça com os fatos do dia de hoje - me parece que é outra, prévia e fundamental: o transporte público nas grandes cidades. Se é difícil convencer alguém a deixar o conforto do veículo particular, quem dirá convencê-lo disso para utilizar um transporte público precário?
É claro que o movimento no Brasil acaba esbarrando na questão do transporte público e expõe as deficiências do serviço. Contudo, quando a estratégia é deixar o carro em casa - ainda que por um dia - parece-me que isso só tende a reforçar a conclusão de que o jeito é continuar andando de carro, já que, sem ele, a cidade torna-se mais intransitável ainda.
Encontrar apoio num movimento mundial, de certa forma, avaliza e torna legítima a manifestação. Mas, diante das particularidades das nossas questões, fica a pergunta: por que não organizar a sociedade civil brasileira em torno de um movimento próprio, nacional, com sua razão de ser própria?
O dia mundial sem carro nasceu na França, com o objetivo de conscientizar as pessoas do uso indiscriminado do veículo particular. Não é o nosso caso aqui, pelo menos não para a maioria dos motoristas, que não se lançam no trânsito caótico das grandes cidades para ver o seu dinheiro literalmente virar fumaça porque gostam ou querem ou estão acostumados com isso. Para a maioria das pessoas, o carro não é usado para comprar pão na esquina ou ir ao cabeleireiro, mas porque se tornou indispensável para chegar à escola, ao trabalho, ao supermercado, pois não há outra forma de se transitar na cidade.
Outras questões, como a ausência de planejamento urbano, de políticas públicas de desenvolvimento que sejam capazes de ordenar o fluxo de pessoas na cidade, evitando grandes deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho também são aspectos que terão de ser enfrentados. O transporte público é apenas o primeiro problema da lista (mas não o único).
A capacidade e a vontade de se organizar, como hoje se confirmou mais uma vez, a sociedade tem. Razões para se manifestar em favor da melhoria do trânsito, também tem - e de sobra!
Então, talvez, na minha humilde opinião, só falte rever as suas estratégias. Vejamos em 2010...
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Os problemas estão mais perto do que pensamos
http://www.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=1&id=5767838&titulo=Sao+Bernardo+e+a+cidade+que+mais+desmata+no+Grande+ABC
Para lembrar que os problemas ambientais estão por toda a parte e nas mais diversas proporções...
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Álcool ou gasolina: Nem só de CO2 vivem os problemas ambientais
http://www.revistameioambiente.com.br/2009/09/16/consulta-pela-internet-aponta-carros-menos-poluentes/
Pelo que entendi do texto, o melhor, do ponto de vista das emissões de CO2, é o uso de veículo à álcool, certo? Contudo, mesmo o carro sendo à álcool (e emitindo/absorvendo C02), ele não vai poluir o ambiente? Digo, se SP trocasse toda a sua frota por carro à álcool não continuaríamos tendo problemas de poluição na cidade?
E mesmo que isso fosse possível (poluir zero), não continuaríamos com o problema do trânsito caótico?
Então, comprar carro à álcool, rigorosamente falando, não é a melhor opção. Pode prejudicar menos o aumento do aquecimento global, mas daí acreditar, conforme os especialistas consultados, que esse seja "o primeiro passo para o consumo consciente" - como se todo cidadão devesse ser locomover com veículo particular - há uma imensa distância.
Assim, a melhor opção, mesmo, é não comprar o carro, ou comprá-lo e usá-lo com moderação. E para o transporte diário, o uso do ônibus, das vans, dos trens ou do metrô (num sistema de transporte público coletivo eficiente, é claro!).
É por essas e outras que, quando se trata de sustentabilidade e consumo, a atenção tem que ser redobrada: soluções pragmáticas, tomadas dentro do sistema são importantes, mas sempre há o risco de se cair no simplismo, e o que era uma falsa premissa, passa a ser uma verdade inconteste.
Fonte: www.consumoesustentabilidade.ning.com
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Ecobags: você mudou a sacola, mas mudou a atitude também?
Eu mesma tenho as minhas: uma legítima, feita de saco de farinha com alças de retalho de tecido emborrachado; e outra, mais bonitinha, mas nem tão eco, feita de tecido cru, novo, estampadinha com umas palavrinhas de ordem ecologicamente corretas. Seja como for, estão me ajudando a evitar os tais saquinhos plásticos, o que já é uma vitória.
Mas essa mudança no meu comportamento me levou um questionamento básico: ok, muita gente mudou a sacola, mas, e o que vai dentro dela?
Se você não parou para pensar se há possibilidade de mudar também o que vai dentro dela - e não me refiro apenas à substituição dos produtos convencionais pelos ecologicamente corretos, mas também da quantidade de coisas que compramos e que não precisamos ou que tem pouca serventia no nosso dia-a-dia - espero que este post seja capaz de fomentar uma reflexão sobre essa mudança de atitude.
Mas se você já parou para pensar nisso e descobriu que, apesar do seu esforço em reduzir seu consumo ao que realmente é necessário (não confunda isso com essencial, que é outra coisa), há uma parte do esforço em prol da sustentabilidade que vai além do seu esforço individual, ótimo! É sobre isso que gostaria de falar um pouco neste post.
De uns anos para cá tem crescido vertiginosamente o marketing verde: as ecobags são fruto dessa nova tendência de mercado, assim como o são os carros flex, o papel sulfite reciclado, o filtro de papel do cafezinho, a adoção de canequinhas de plástico ou alumínio, as roupas feitas de PET, as sacolas oxibiodegradáveis, produtos orgânicos, só para citar alguns exemplos bem corriqueiros. Com o surgimento dessas opções, parecem se ampliar as possibilidades de nossas escolhas de consumo serem, senão favoráveis, pelo menos não prejudiciais ao meio ambiente.
No entanto, um primeiro problema que surge é: nem sempre esta substituição ocorre sem afetar o bolso do consumidor; muito pelo contrário, é comum que o produto "ecologicamente correto" seja mais caro, o que induvidosamente acaba comprometendo a adesão dos consumidores ao novo produto, atraindo apenas uma minoria engajada com a questão ambiental.
Uma segunda dificuldade diz respeito a detectar o caráter "sustentável" do produto que se está comprando. Por exemplo, será melhor usar uma xícara de faiança ou copos de plástico? Se você acha que é o primeiro, de acordo com a reportagem de Ana Luiza Moulatlet na edição especial de Caros Amigos n. 34, ano XI, de setembro de 2007, p. 29, errou: a xícara de faiança, apesar de ser reutilizável, consumiria mais carbono no transporte devido à necessidade de se utilizar embalagens mais resistentes devido ao seu peso e fragilidade; graças a essa característica, é mais difícil de ser empilhada, o que acaba fazendo ocupar mais espaço no transporte, levando a um consumo maior de combustível. E, por fim, para que o uso da xícara fosse mais vantajoso seria necessário ser lavada pelo menos 1800 vezes. Enfim, em se tratando de sustentabilidade, nem sempre o que parece ser, de fato é.
Terceiro aspecto que compromete o valor e o peso das ações dos consumidores é a existência de um aparato tecnológico disponível para reciclar tudo o que vier a existir no momento pós-consumo que for possível reciclar. Há coleta seletiva no seu bairro? Se sim, para onde levam os resíduos que foram separados? Quais desses materiais acabam não encontrando destinação na cadeia da reciclagem e para onde vão?
Ainda nessa linha do aspecto tecnológico, o processo de reciclagem de alguns produtos eventualmente superam o consumo de carbono da produção de um novo produto, o que torna a reciclagem um mau negócio para a natureza.
Finalmente, uma quinta questão é destinação dos resíduos de pequeno ou nenhum valor mercadológico. Alumínio, estamos cansado de saber, tem mercado certo no Brasil e no mundo. Mas, será que todo tipo de plástico tem o mesmo fim?
O cenário é, sem dúvida, complicado, confuso, incerto e até, de certa forma, desanimador. Afinal, nesse estado de coisas, não há como não se perguntar se o esforço que os chamados consumidores conscientes estão empreendendo realmente terá impacto positivo sobre a qualidade ambiental... E pior: se não estiver surtindo nenhum efeito, que possibilidades existem?
Por esses motivos, quando falamos de sustentabilidade no consumo, não há como restringir a ação do consumidor a apenas substituir, reduzir ou reutilizar produtos convencionais por produtos verdes. Essa é a lição de casa que nossa geração e as futuras precisarão diariamente fazer, incorporando esses hábitos ao dia-a-dia, tal qual escovar os dentes ou tomar banho.
Contudo, isso é apenas parte, no aspecto individual, do temos de fazer. No plano do coletivo, desde reivindicar das empresas uma produção mais limpa do ponto de vista ambiental e a responsabilidade pelos resíduos do pós-consumo, até exigir do Poder Público a implementação de políticas sérias de controle ambiental e cobrar resultados efetivos, assumir uma postura ativa como cidadão - no sentido de sujeito com direito a ter e reivindicar direitos - é condição sine qua non para se debelar a crise ambiental.
Portanto, mais do que mudar hábitos de consumo, é necessária uma mudança de atitude, reconstruindo não só as relações com os objetos materiais, mas, principalmente, repensando as formas como nos relacionamos socialmente, praticando outro tipo de socialidade, outro modo de vida.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Brasão paulistano repaginado
Embora em São Paulo a nossa preocupação com o uso excessivo do transporte particular não seja exatamente o uso abusivo ou indiscriminado do veículo particular (como para os europeus que idealizaram o movimento), mas porque este uso é determinado, para a maior parte das pessoas, pela necessidade de se locomover numa cidade gigantesca com uma rede de transporte público deficitária, será possível pedir ao cidadão paulistano que, nesse estado de coisas, abra mão de seu transporte particular?
Não é preciso ser especialista para perceber o caos que se tornou o trânsito na cidade, tampouco que a criação mais vias para aliviar os congestionamentos, além de ter sua eficiência altamente questionável, mesmo que venha a temporariamente resolver o problema da da fluidez do trânsito, ainda assim isso não resolve o grave, e cada vez mais agravado, problema da qualidade do ar da cidade.
Por isso, cada vez mais fica evidente (e inevitável) a necessidade de agirmos e repensarmos - não só os gestores da coisa pública, mas principalmente nós, moradores desta cidade - o que foi feito e o que precisa ser feito do transporte público. Como tornar a carona solidária uma prática comum. Como redesenhar o espaço público para que outras formas de transporte, como a boa e velha "magrela", possam ser de fato, uma alternativa segura e confortável. Como fomentar a geração de empregos nas regiões mais remotas da cidade, para evitar grandes deslocamentos. Ou seja, voltando ao ponto de sempre: pensar soluções coletivas para problemas coletivos.
Fica aí a minha sugestão para uma variação paulistana do dia 22 de setembro, o dia mundial sem carro.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Consumo e discurso ecológico alternativo é tema de artigo publicado
http://www.saraivajur.com.br/menuEsquerdo/doutrinaArtigosDetalhe.aspx?Doutrina=1093
Para quem estiver disposto a uma leitura acadêmica... Fiquem à vontade para comentar, sugerir e criticar!
O compacto de "Sobre formigas e gafanhotos"
http://www.youtube.com/watch?v=jRTJuDoztRI
http://www.youtube.com/watch?v=zXsE3QhP1eg&feature=related
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Consumo sustentável no Página 22 deste mês
http://www.pagina22.com.br/index.cfm?fuseaction=reportagem&id=574
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Hoje se comemora o dia mundial do meio ambiente
Eu já comecei cedo, antes mesmo de me lembrar que dia era hoje, e por isso este vai ser o mote do post: pela manhã meu filho, de 6 anos, veio contar que a coleguinha dele disse que esses copinhos plásticos que se usam por aí vão demorar a sumir na natureza até o filho dela nascer. Aí, lá vai a mãe: "Não, filho, ele vai durar até o filho dela crescer, ter filhos, os filhos dele crescerem, e darem netos a ela, e depois bisnetos, e nascerem os filhos dos bisnetos...". Caramba!... São várias gerações! Quando falamos em 200 ou 400 anos num contexto histórico, é tão pouco, mas quando nos colocamos nessa linha do tempo e comparamos à nossa curtíssima existência, é tanto, mas tanto tempo...
Gostei muito de um comercial de TV que foi veiculada a uns anos atrás em que apareciam garrafas de PET e pneus velhos enlaçados como presentes para as futuras gerações. Gostei porque era chocante, porque mostrava de forma seca e direta o que estamos deixando em nossa passagem pela terra. Mas, principalmente, gostei porque nos dá a possibilidade de fazer diferente, de evitar esse fim.
Na minha infância tinha consumo, sim. A gente via TV, lia revistas, assistia ao Domingo no Parque e não tinha uma criança que não queria ganhar todos aqueles brinquedos que o Silvio Santos colocava no palco. Mas, diferente de hoje, minha geração também tinha brincadeiras de rua, na casa do vizinho, brincadeiras de bola, lanche na casa da tia, mexer com minhocas e barro no jardim... Naquele tempo, como o mercado infantil ainda era incipiente, havia muito espaço para a criatividade e a imaginação: se não existia o brinquedo na cor desejada, pintava-se em casa; se não existia coleira decorada para o seu cachorro, compravam-se enfeites na loja de armarinhos e se customizava. Hoje vamos ao shopping e não precisamos mais criar: está tudo pronto na vitrine, em cores e tamanhos para satisfazer qualquer sonho de consumo. É a consagração da máxima "eu não faço: compro pronto".
Por um lado, ótimo! Dá-se efetividade à lei do menor esforço, sobra mais tempo para consumir mais, para experimentar mais. Contudo, não somos reservatórios de experiências, não vivemos para somar sensações. Qualidade de vida não é só comer e vestir em abundância, mas é "des-envolver" todas as nossas potencialidades, é "sair do invólucro". E isso implica ver de forma diferente, pensar por outra perspectiva, ter a sua própria forma de entender o mundo, estabelecer relações humanas.
Então, se hoje é para fazer uma reflexão sobre o dia do meio ambiente, que seja esta: pensar um pouco - e fazer mais - por nosso espírito criativo. Deixar que ele nos guie mais, que nos mostre os caminhos, que ouse tomar um caminho desconhecido. É essa liberdade que certamente dará a resposta definitiva para crise ambiental que, diga-se, não é uma crise da natureza, é sobretudo uma crise das nossas relações sociais.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Consumo & Sustentabilidade na TVA
Assistam e façam suas críticas e comentários!
terça-feira, 26 de maio de 2009
Inauguração da biblioteca sobre meio ambiente no Parque da Aclimação
Nova biblioteca temática é dedicada ao meio ambiente.
No sábado (30), São Paulo terá uma nova biblioteca com acervo temático.
A partir das 10h30, a Biblioteca Raul Bopp (R. Muniz de Sousa, 1.155), no Parque da Aclimação, virá oficialmente temática em meio ambiente.
Uma sala ganhará ambientação especial e terá estantes com acervo de cerca de mil itens entre livros, periódicos e vídeos.
Durante a inauguração, haverá uma Dança pela paz logo após a cerimônia oficial e uma oficina para sensibilização a questões envolvendo o meio ambiente, às 14h.
Além disso, um bloco de gelo, de 5m X 1,8m, será colocado no parque para mostrar o que está ocorrendo com as geleiras da Antártida por causa do aquecimento global.
Fonte: www.vilamariana.com.br
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Lançamento da Cortez Editora, dia 24 de maio, 16h, no Teatro Bricante: Flávio Paiva, "Eu era assim - Infância, cultura e consumismo"
O evento ocorre em São Paulo no dia 24 de maio de 2009, às 16h, no Teatro Brincante, na Rua Purpurina, 428, Vila Madalena.
O jornalista e escritor Flávio Paiva faz 50 anos e comemora com o lançamento de um livro que trata da tragédia do consumismo na infância, de experiências pedagógicas empíricas, da força invisível da cultura, do lúdico como a liga da contação de histórias entre adultos e crianças e da urgência do brincar.
Na crise do padrão civilizatório que atinge o meio ambiente e as relações humanas a infância é a parte mais sacrificada. Em muitos países do mundo, inclusive no Brasil, estão sendo tomadas medidas de proteção à criança diante de um modelo que entrou em exaustão pelos desequilíbrios resultantes de suas próprias inconseqüências.
Os males e as soluções para esse grave problema do mundo contemporâneo estão reunidos no livro “Eu era assim – Infância, Cultura e Consumismo”, que o jornalista e escritor Flávio Paiva lança em Fortaleza neste sábado, dia 28 de março, no Centro de Referência à Infância – Incere. O livro é para adultos, mas vai ter show para crianças , com a Banda Dona Zefinha cantando músicas dos livros Flor de Maravilha e A Festa do Saci, de Flávio Paiva.
Em “Eu era assim – Infância, Cultura e Consumismo” Flávio Paiva revela que a única certeza absoluta com a qual a sociedade contemporânea se depara é a de que não há mais espaços para saberes e conhecimentos absolutos . A transdisciplinaridade é uma das características do tempo, dos olhares, das identidades e da comunicação em um mundo que se redescobre na sua própria crise de significados.
A construção da realidade cotidiana desorganiza a lógica do discurso linear e do olhar bem comportado sobre uma educação que não está mais somente na responsabilidade da família, da escola e da igreja , mas também dos meios de comunicação de massa e das redes sociais físicas e virtuais.
As perspectivas de sociabilidade e de sustentabilidade apontam para uma reeducação do múltiplo com o múltiplo e pelo múltiplo , que passa pelo fortalecimento da cultura, da cidadania, da importância da reconsideração da natureza e, sobretudo, pelo respeito à infância.
Em seu livro, Flávio Paiva presenteia o leitor com diálogos praticados na interdependência das disciplinas , nas interfaces das ciências humanas e sociais e no que seria uma proposta educativa do jornalismo, tendo como elementos de catálise o drama social vivido pela infância, diante da homogeneização cultural e do fenômeno do consumismo.
Em seus escritos, o autor, com curiosa estranheza e largado senso de participação, faz o cruzamento desses temas, pelos campos da educação, da literatura, do direito, da filosofia, da psicologia, da neurociência, da sociologia e da comunicação social , em falas cheias de expectativas e de crença na vitória da ética humana.
Do mesmo modo que as circunstâncias atuais fizeram desaparecer os absolutos, nas páginas de Eu Era Assim o único ponto conclusivo é o que coloca o processo como produto da discussão de idéias, opiniões e de conceitos.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Sobre banhos quentes, papel higiênico e copos descartáveis
Penso que não seja exatamente este o caso.
Em primeiro lugar porque pensar em sustentabilidade tem a ver com REDUÇÃO, REUSO e, por fim, RECICLAGEM, ou seja, a pedagogia dos 3Rs. Banho quente, especialmente nas regiões mais frias, não tem como ser eliminado. Não é luxo, é necessidade, não só pelo conforto que minimamente toda pessoa deve poder desfrutar diante de tantos benefícios que são providos pelo mundo moderno, mas também pelo aspecto da saúde pública, já que a exposição ao frio favorece significativamente o desenvolvimento de doenças. Contudo, se excluir não é possível, é possível, nestes casos, reduzir. Apenas para exemplificar, há na internet diversos textos indicando como a redução de alguns minutos no banho pode impactar positivamente o consumo de água e energia elétrica, mostrando que, se cada um fizer um pouco, todos ganham muito.
Por outro lado, por que teríamos de começar a mudar nossos hábitos de consumo justamente pelos itens imprescindíveis? Por que não podemos nos livrar, em primeiro lugar, daquelas práticas que são absolutamente dispensáveis, algumas até bem inúteis? Por que não excluir (ou apenas utilizar em situações absolutamente necessárias) os copos descartáveis? Por que usar saquinhos plásticos individuais para embalar os talheres, como ocorre em alguns restaurantes? Por que o cereal tem que ser embalado duas vezes, na caixa de papelão e no saco plástico? Para que o feirante coloca suas frutas no saquinho e depois numa sacolinha?
Ainda não sabemos o que é, com total convicção, uma sociedade sustentável. Há muita gente laborando nisso, dedicando-se com afinco para conseguir entender o que e em que medida é preciso mudar em nossos hábitos e práticas de consumo para se chegar a esse estágio. Mas ainda que a resposta a isso ainda não exista - se é que um dia, haverá uma resposta categórica para essa questão - isso não significa que possamos ficar de braços cruzados, inertes, esperando a crise se instalar ou que devamos nos privar de todos os benefícios que a engenhosidade humana produziu nos últimos séculos e voltar ao tempo da luz de velas ou caçar e colher na mata. Há uma enorme margem entre um extremo e o outro, onde, com um pouco de criatividade e cautela medida, podemos modificar nosso comportamento de modo a, se não beneficiar, ao menos não agravar a pressão sobre recursos naturais.
Observar as ações corriqueiras, procurar inovar no modo de fazer o dia-a-dia, questionar o porquê de as coisas serem como são. Essas parecem ser as bases da transformação, o pressuposto fundamental da política dos 3Rs. É o que garantirá o meu, o seu e o banho quente de muita gente que ainda não o tem.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Consumo sustentável: um paralelo entre o direito do consumidor e o direito ambiental
Acontece e 08/05/2009, às 9.30h no Plenário dos Conselheiros da OAB/SP (Praça da Sé n. 385, 2.º andar, Centro), a palestra "Consumo sustentável: um paralelo entre o direito do consumidor e o direito ambiental".
EXPOSITORA: Profa. DRA. PATRÍCIA FAGA IGLECIAS LEMOS, advogada, professora doutora do Departamento de Direito Civil da FADUSP, professora nos cursos de graduação e pós-graduação da FMU.
PRESIDENTE DA MESA: DR. ALEKSANDER MENDES ZAKIMI, advogado, presidente da Comissão de Apoio ao Advogado Professor e Coordenador da Comissão do Jovem Advogado da OAB SP – Coordenadoria de Processo Civil, professor do curso de Direito da FMU.
DEBATEDORES: DRA. ISABEL ALVES DOS SANTOS ORTEGA e DR. ALCINDO DE SORDI, membros da Coordenadoria de Processo Civil da Comissão do Jovem Advogado da OAB SP.
As inscrições podem ser feitas no site da própria OAB (www.oabsp.org.br), e a participação é permitida mediante doação de uma lata ou pacote de leite integral de 400g, entregue no ato da inscrição.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
I Jornada sobre mudanças climáticas e consumo sustentável
O ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade realizará de 18 a 20 de maio em Brasília a I Jornada Brasileira sobre Mudanças Climáticas e Consumo Sustentável.A jornada servirá para discutir e divulgar políticas públicas e suas relações com mudanças climáticas, consumo consciente e construção sustentável. A jornada incluirá o encontro nacional Políticas Públicas pelo Clima: Rumo a Copenhague (dia 18/5) e o seminário internacional Construções Sustentáveis para uma Nova Economia (19/5), além de oficinas temáticas (20/5).
Fonte: http://www.jornadaiclei.org/
quinta-feira, 30 de abril de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Um ano de "Consumo & Sustentabilidade"
Em segundo, lembrar que depois de amanhã será o dia mundial do consumidor e, para comemorar antecipadamente o "nosso" dia - afinal, todos nós somos consumidores, efetivos ou potenciais -, gostaria de aproveitar aoportunidade para fazer uma rápida reflexão sobre nossas responsabilidades, enquanto consumidores, no desafio da sustentabilidade. Mais precisamente, gostaria de pensar um pouco sobre a liberdade de escolha, que é um dos direitos básicos do consumidor e, para isso, começo perguntando: seremos nós realmente livres para consumir? Será que essa liberdade, na forma como hoje é concebida institucionalmente, é capaz de nos fazer participar efetivamente das mudanças nos padrões de consumo?
Primeiro, sobre a nossa liberdade de consumir, aqui entendida como a possibilidade de determinar o que, quanto, onde, porquê e se se quer consumir, já tive oportunidade de falar um pouco em outros posts. É perceptível que a liberdade de escolha cada vez mais cede espaço às forças descomunais das imposições do mercado, e o boicote, apesar de ser uma estratégia válida, é também uma estratégia que se ressente diante dessas tais forças, que não cansam de exibir o seu poder de controle crescente sobre a vida dos indivíduos; basta ver a proliferação de produtos e componentes de produtos de origem chinesa; a prática de preços semelhantes, quando não iguais, das grandes empresas de comércio; o uso da publicidade, especialmente entre crianças e adolescentes, apenas para citar exemplos óbvios. Por conta disso, ou seja, dessa diminuição da força da liberdade comoinstrumento de controle social, é evidente que fica difícil sustentar que haja possibilidades de se encampar uma efetiva mudança em direção à sustentabilidade ambiental apenas contando com a mudança dos nossos padrões de consumo, seja pela redução nas parcelas mais abastadas, seja por seu aumento nas camadas mais carentes da sociedade.
Em segundo, penso que oferecer ampla liberdade - ainda que, conforme dito, restrita em certo sentido - sem qualquer contrapartida em termos de responsabilidade daquele que a exerce, é uma completa temeridade. Quando se fala em liberdade de escolha ao consumidor, quando se pensa num arcabouço jurídico que, a pretexto de parear forças do hipossuficiente (consumidor)com o hiperssuficiente (produtor), outorga àquele vários instrumentos dedefesa de seus interesses, parece-me que isso não deva implicar, necessariamente, a inexistência ou a relegação a plano secundário das suas responsabilidades. Em outras palavras, o consumidor é o elo fraco na relação de consumo, é a "vítima" do sistema, a "presa" do mercado, mas nem por isso, isento de deveres. A questão ambiental, especialmente com o argumento do "consumidor consciente", traz à tona a necessidade de se rever o atual paradigma deconsumidor: trata-se de uma figura que deve, sim, continuar a receber tutela estatal e ser protegido pelas instituições, mas, por outro lado, também deve se submeter a obrigações que são inerentes ao cidadão como responsável pela qualidade de vida, tanto da sua como das futuras gerações. Da mesma forma que o consumidor não é plenamente soberano no exercício desuas escolhas, também não é, certamente, um ser alheio ao que ocorre no seu ambiente e nas relações sociais que nele se travam.
Empregar bem os recursos de que dispõe, evitando o desperdício e oconsumismo; escolher bem o que se consome, preferindo produtos que causem menor impacto social e ambiental; participar ativamente da solução dos problemas que atingem a coletividade são apenas alguns dos mais evidentes deveres do novo consumidor. Repensar sua liberdade - e sua responsabilidade também! - é uma empreitada difícil, mas, sem dúvida, o primeiro passo em direção ao novo tipo de sociabilidade e de cidadania que a questão ambiental demanda.